segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Anatomia Poética (Entre-Vista entre-Versos): Emerson Alcalde #2

Dando continuidade ao projeto Anatomia Poética (Entre-Vista  entre-Versos) chega agora em nossa casa (por recomendação da Lêle) o poeta Emerson Alcalde, espero que gostem:


Emerson, Quando e como começou a escrever?
Na adolescência, letras de Rap.

O que te inspira?
A Rua

E como é o processo criativo, tem uma formula?
Não tem fórmula. Cada texto um processo. Vou pensando dentro do trem, ônibus, anoto e depois sento e escrevo. Em casa tento me colocar no estado criativo, tento ativar as mais profundas das angustias.

Conte um pouco como foi participar da Copa do Mundo de Poesia 2014:
Foi à experiência mais intensa da minha vida. Me preparei por alguns nãos para aquele momento.

E quais são os seus poetas/escritores favoritos?
B. Brecht, Machado de Assis, Drummont.

Quais são seus superpoderes?
Não tenho superpoderes. Tudo é treino e dedicação.

Por qual motivo largaria a sua arte ou nunca LARGARIA?
Largaria, se chegasse num momento que não teria mais motivação pra fazer.



Escrever já deu ou te da grana?
Sim. Não é fácil. Tem momentos muito difíceis, mas vivo disso. Mais do que grana a poesia me leva pra vários lugares: cidades, Estados, países. Conheço várias pessoas. Ministro Workshops, faço apresentações, participo de CD de músicas de rapper, cantores de MPB e etc.

Se alguém xerocar "(A) MASSA - poesias e dramaturgias" e passar adiante, isso iria te incomodar?
De forma alguma. Ficaria feliz de mais

Tem fé em alguma coisa? em que?
na arte

Se você morresse hoje o que faria amanha?
Não sei

E os projetos futuros? Tem Algum em mente?
Vários projetos. Ano que vem sai o meu segundo livro de poesia.

Indique um Sarau que agente tem que conhecer:

Esse eu estou querendo muito ir mesmo
Este é mágico
Indique um poeta, que precisamos entrevistar:
Roberta Estrela D'Alva


Deixe um recado para seus fãs...
Se conecte consigo e não deixe de olhar para as ruas

um outro recado para os que não gostam do seu trabalho...
Abram a sua mente. Faça sua parte neste mundo. Tem espaço para todos.

... e um para os que ainda não conhecem o seu trabalho ...
Existe uma nova cena de literatura surgindo no mundo. Aperte o play e escute poesias.

Deixei um poema seu para nossos leitores?

AFRÔ

Seja como for Seja como flor
Em seca que for cultive o amor
Que ele ou ela virá
Beijará AfroDite dirá "

Se precisar afrô afrontará

Mas quem vier pra sentir sem tirar sentirá

Se te plantaram tu és planta
Então seja como flor

Tua semente foi plantada em terra preta
por mãos sofridas
E não no algodão artificial do cientista

Eu falo em nome das rosas despedaçadas
pelos cravos cravinhos cravocratas

Ossain olha a mim não esqueça
Seja como for cresça Seja como flor floresça
Não é pra ser florido é pra ser floral
Igual uma cereja no imenso cerejal

Simbolize a paz a morte em maços de florais
Mas principalmente os desejos sexuais
Você tem preço só pro vendedor de flor
Pros amantes tu tens valor

Seja como for negô Seja como for negá
Mas não vai negar
A sua raiz
Ela cresce pra baixo pra você poder subir

No verão se feche pra se nutrir
Depois se abrir e ajudar as outras a florir

Você nasceu na rua foi pisada e tachada de feia
Cresceu fora da mata
foi usada e largada após a serenata

Entendeu agora por que não da pra ser florzinha
Que ao ver o guardinha gela?
Tem que ser forte que nem a planta favela
Reagir Resistir
Proteger a sua floribela

Na primavera a reprodução
E quando mudar a estação
Não fique parado na anterior
Seja como flor
Floração

O mundo não para
Girassol
Cai a chuva e vem o sol
Não se preocupe se isso vier a desbotar a sua cor
Porque a sua essência é vermelha

E será sempre AFRÔ.

Você me deu muitas respostas, tem alguma pergunta pra mim?
Por que estuda/pesquisa a literatura periférica?

Pois moro na periferia do Rio de Janeiro e tento fazer uma ponte com outras periferias, não só na literatura, também na música. E não sós periferias locais, mas entro em contato com Kuduristas de Angola, raps moçambiquenhos dentre outros.




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