terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Jornada (quase) Perpétua

De noite poeta, de dia operário
Com livros de Florbela Espanca que eu gasto meu salário
De noite poeta, de dia operário
Do Sarau para a fabrica faço meu itinerário

Minhas mãos calejadas folheiam
Meus poemas em papeis avulsos
Procurando aquele que seja ideal.
Madrugada, versos metralham o salão
As 4 da manha vou embora,
Durmo no ônibus
Chego em casa tomo um banho (nem sento)
E já volto pro trabalho.

De noite poeta, de dia operário
Com livros de Miguel Piñero que eu gasto meu salário
De noite poeta, de dia operário
Do Sarau para a fabrica faço meu itinerário

Durante todo dia ouvindo maquinas trabalhando contra meus fones de ouvido
O verdadeiro rock industrial se faz assim
Ferramentas para ação continua esperando o intervalo
(pra mudar as ferramentas)
Agora é bic preta na agenda pra liberar uns versinhos
Que estavam martelando minha área da broca
A dor de cabeça parou
Volto ao trabalho e depois de mais 3 horas tomo um banho
Durmo no ônibus
Pois o dia não teve final
Porque daqui a pouco vai ter outro recital

De noite poeta, de dia operário
Com livros de Manuel Bandeira que eu gasto meu salário
De noite poeta, de dia operário
Do Sarau para a fabrica faço meu itinerário

(Tiago Malta, Cantinho do Poeta Feliz , Volume 2 -15/08/2009)

Um comentário:

  1. Bela forma de expressar a árdua e prazeroza missão de exercer nosso ofício. Parabéns poeta!!!

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